“Se encontrarmos qualquer evidência de vida extraterrestre isso mudará o futuro e, talvez, possamos caminhar juntos pela percepção de que somos todos parceiros iguais na espécie humana. Não achem que tudo gira ao nosso entorno. Continuem curiosos, afinal, algum dos leitores pode ser quem nos ajudará a encontrar esses extraterrestres” – Avi Loeb, em entrevista para a Revista ALPHA.
Abraham Loeb, mais conhecido na sua infância como Avi, desde quando ainda era uma criança em Israel, sua terra natal, já tinha grande interesse por questões profundas da nossa existência, seja pelo ponto de vista filosófico ou então pela perspectiva da ciência. Conforme dito aqui mesmo nesta entrevista que você irá ler, devemos ter vivo dentro de cada um de nós a curiosidade de uma criança, que está em busca de respostas para perguntas extremamente difíceis, e assim, a partir deste pensamento iniciou a trajetória de um dos mais destacados nomes da ciência atual.
Avi é um físico teórico e trabalha com astrofísica e cosmologia. Ele também é professor de Ciência na Universidade Harvard, além de ser catedrático do Harvard Astronomy Department (desde 2011), catedrático do projeto Advisory Committee for the Breakthrough Starshot – que visa lançar espaçonaves leves em direção às estrelas mais próximas usando um poderoso laser (desde 2016), diretor fundador da Black Hole Initiative em Harvard – sendo este o primeiro centro interdisciplinar mundial dedicado ao estudo de buracos negros (desde 2016), e diretor do Institute for Theory and Computation (ITC) (desde 2007) no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.
O professor também é amplamente reconhecido e condecorado por suas pesquisas, tendo sido eleito fellow da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos, da American Physical Society e da International Academy of Astronautics. No mês de julho de 2018 foi nomeado membro do Board on Physics and Astronomy (BPA) da National Academy, tratando-se do maior fórum das academias para questões relacionadas com os campos da física e astronomia, incluindo ele no posto e na responsabilidade de supervisionar estas pesquisas. Já no ano de 2012 a revista TIME (uma das revistas semanais mais conhecidas do mundo) selecionou Loeb como uma das 25 pessoas mais influentes no tema das pesquisas espaciais. Não sendo bastante tudo isso, em 2015 Loeb foi nomeado como o Diretor de Teoria da Ciência para as Iniciativas Breakthrough da Fundação Breakthrough Prize (um prêmio dado anualmente contemplando algum pesquisador ou iniciativa pelo excelente trabalho científico desenvolvido).
Sua carreira acadêmica inicia aos 24 anos, quando então recebe seu diploma de graduação em física de plasma na Universidade Hebraica de Jerusalém. Entre 1988 e 1993 Loeb foi membro de longa data do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, onde começou a trabalhar em astrofísica teórica. Já em 1993 foi para a Universidade de Harvard como professor assistente no departamento de astronomia, onde foi contratado (tenure) três anos depois e assim sua vida mudou e deu um salto ainda maior em sua grande e reconhecida carreira.
No entanto, sua carreira não é reconhecida apenas pelo seu belo currículo já aqui citado, porém ficou em bastante evidência a partir de 2021 quando realizou a publicação de um artigo científico que causou um grande alvoroço na comunidade científica, cujo título era: “On the Possibility of an Artificial Origin for `Oumuamua” (Sobre a possibilidade de uma origem artificial para Oumuamua). Seu paper científico lhe rendeu além de todo barulho na comunidade científica, também lhe oportunizou aparições nos principais veículos de imprensa de todo mundo. Posteriormente, o professor Loeb trouxe as informações sobre Oumuamua em forma de um livro, “Extraterrestrial: the first sign of intelligent life beyond Earth” (no Brasil publicado como “Extraterrestre: O primeiro sinal de vida Inteligente Fora da Terra”, Intrínseca, Rio de Janeiro, 2021). E nem preciso citar que o livro também tem sido bastante sucesso de vendas e gerado críticas bem positivas sobre o trabalho do professor Loeb.
Entenda um pouco mais sobre o `Oumuamua
O `Oumuamua (que em havaiano significa “mensageiro de muito longe que chega primeiro”) é o primeiro grande objeto interestelar descoberto perto da Terra pelo telescópio Pan STARRS (Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System [em português: Telescópio de Pesquisa Panorâmica e Sistema Rápido de Resposta], que é localizado no monte Haleakala no Havaí) em outubro de 2017 e `Oumuamua, mostrou meia dúzia de anomalias relativas a cometas ou asteroides no sistema solar.
Com cerca de 400 metros de comprimento, ele mostrava desvios de órbita em relação ao Sol e uma aceleração e brilho incomuns a cometas e asteroides. Até que em 2018, Loeb e seu aluno de pós-doutorado Shmuel Bialy publicaram um artigo científico na revista Astrophysical Journal Letters que deixou todo mundo maravilhado, com o título de “Could solar radiation pressure explain ‘Oumuamua’s peculiar acceleration?” (“A pressão da radiação solar poderia explicar a aceleração peculiar de ‘Oumuamua?”)
Com as informações obtidas nas três noites de observação no ano de 2017, foi possível sugerir que o formato do Oumuamua se assemelhava a um charuto alongado e muito fino, de cor avermelhada, com brilho dez vezes mais intenso que um asteroide ou cometa. Para Loeb, o objeto poderia ser natural, produzido de uma forma desconhecida no Universo, ou realmente um objeto artificial, sendo esta hipótese a que deixa as pessoas mais entusiasmadas e a ala científica mais alarmada e preocupada com a afirmação do professor.
Todas as interpretações de origem natural das anomalias de `Oumuamua contemplaram objetos de um tipo nunca antes visto, como: uma nuvem porosa de partículas de poeira, um fragmento de ruptura de maré ou icebergs exóticos feitos de hidrogênio puro ou nitrogênio puro. Cada um desses modelos de origem natural tem grandes deficiências quantitativas e, portanto, Loeb levantou a possibilidade de uma origem artificial para `Oumuamua, afirmando que a mesma deveria ser considerada. Ainda acrescenta que, as anomalias de `Oumuamua sugerem que este objeto que passou por nós pode ter sido uma nave – com uma grande área por unidade de massa – empurrada pelo reflexo da luz solar; compartilhando qualidades com o artefato 2020 SO – lançado pela NASA em 1966 e descoberto pelo Pan STARRS em 2020 por exibir um afastamento do Sol sem cauda cometária.
Avi Loeb e os OVNIs
Recentemente em um paper científico publicado no dia 07 de março de 2023, o professor Loeb trouxe à tona mais um debate bastante polêmico e que gerou muita repercussão, mas agora não sobre Oumuamua, e sim, sobre OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados). Neste paper científico desenvolvido juntamente com o Dr. Sean Kirkpatrick, diretor do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios, o escritório que atualmente lidera os esforços do Pentágono para estudar objetos não identificados detectados no espaço aéreo dos EUA, é sugerido no estudo que para resolver casos envolvendo tais objetos, seria necessário o uso de uma Física conhecida.
“Nós derivamos restrições físicas em interpretações de fenômenos aéreos não identificados (UAP) ‘altamente manobráveis’ com base na física padrão e formas conhecidas de matéria e radiação”, afirmam Loeb e Kirkpatrick no resumo do artigo.
“Em particular, mostramos que espera-se que a fricção do UAP com o ar ou a água ao redor gere uma bola de fogo óptica brilhante, casca de ionização e cauda – o que implica assinaturas de rádio”, escrevem os autores do artigo.
Em uma entrevista, Loeb disse ao The Debrief que a colaboração foi o produto de uma conversa inicial com Kirkpatrick, que escreveu ao astrônomo perguntando se eles poderiam se encontrar enquanto ele visitava Harvard.
“Ele disse que estava visitando a área onde moro e perguntou se poderia se encontrar comigo”, disse Loeb. “Ele veio, sentou na minha sala e discutimos o assunto.”
Embora Kirkpatrick tenha acesso a informações confidenciais que a comunidade de inteligência dos EUA coleta sobre objetos aéreos não identificados, Loeb disse ao The Debrief que ele e o Projeto Galileo não tiveram acesso a essas informações, nem foram referenciadas pelo trabalho que ele e Kirkpatrick apresentaram em seu artigo.
Vale ressaltar que o Projeto Galileo citado, trata-se de uma iniciativa liderada pelo próprio Loeb, usando as informações de várias fontes de pesquisas para desenhar um algoritmo que, por meio da inteligência artificial (IA), tenta identificar viajantes interestelares, satélites não construídos por humanos e outros fenômenos aéreos não identificados (UAPs, na sigla em inglês).
“Eu não assinei nenhum NDA (Acordo de Não-divulgação) ”, disse Loeb. “Não tive exposição a informações classificadas. E ele [Kirkpatrick] sabe disso.”
“Então ele disse, bem, seria uma boa ideia escrever um artigo científico que estabelecesse os limites com base na física que conhecemos. Se houver dados incompletos dos instrumentos, o que podemos dizer sobre as distâncias [e] as velocidades dos objetos?”
De acordo com uma avaliação preliminar de 2021 dos dados coletados pela comunidade de inteligência dos EUA sobre UAP, um pequeno número de objetos observados por militares demonstrou aceleração, gerenciamento de assinatura ou outros recursos que não poderiam ser facilmente explicados no contexto de tecnologias conhecidas.
“Embora a maioria dos UAP descritos em nosso conjunto de dados provavelmente permaneça não identificada devido a dados limitados ou desafios para processamento ou análise de coleta”, disse o relatório de 2021, “podemos exigir conhecimento científico adicional para coletar, analisar e caracterizar com sucesso alguns deles. ”
Embora análises adicionais e talvez até mesmo avanços científicos possam ser necessários para caracterizar e entender completamente alguns UAP, Loeb diz que isso não significa necessariamente que também requer a descoberta de uma nova física, uma suposição que geralmente acompanha as interpretações destes fenômenos.
“Os físicos lutam há cinco décadas para encontrar evidências de uma nova física. Temos que respeitar as leis da física como as conhecemos”, “Não podemos simplesmente dizer para esquecer, o que minha imaginação me permitir ser possível. Essa não é uma abordagem válida. Você tem que demonstrar que este objeto está se movendo de maneiras que não podemos explicar usando a física conhecida. E então você pode considerar uma nova física. ” disse Avi Loeb ao portal The Debrief.
A entrevista para nós da Revista ALPHA
Sendo assim, após essa introdução para que vocês conheçam um pouco sobre o Avi Loeb, algumas de suas ideias e pesquisas, convido você caro leitor a apreciar a entrevista exclusiva que o professor cedeu para nós agora no mês de março de 2023. A entrevista foi conduzida pelo editor chefe, Rafael Silva Pereira e nosso coeditor, Renan Schwingel. Tenho certeza que você não vai querer perder! Então, vamos para a entrevista:
Como começou seu interesse pelo cosmos e astronomia?
Quando era jovem, me interessava muito por filosofia, mas as circunstâncias me trouxeram para a astrofísica. Vinte anos depois, eu notei que havia adentrado nas minhas duas paixões, pois há muitas questões filosóficas na astrofísica. Perguntas como “estamos sozinhos?”, “como surgimos?” e “quando a vida começou e evoluiu no universo?” são questões também filosóficas. Em geral, estou muito feliz com o que está sendo dito hoje em dia, porque sou capaz de responder a essas questões usando o método científico.
Para ler a entrevista completa, baixe a nossa última edição da revista gratuitamente! Segue os links abaixo para baixar gratuitamente a versão completa desta edição, seja em PDF ou para ler a versão digital:
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